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terça-feira, 19 de abril de 2011

Semana dos Povos Indígenas

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Crianças indígenas Parintintin brincando no Igarapé Traíra (Terra Indígena Nove de Janeiro – Humaitá – AM). Fotografia de Rodrigo Petrella, 2003.

Indígenas no Brasil

A milhares de anos, muito antes da chegada européia os povos indígenas já habitavam o Brasil. Apesar disso, mantêm-se até hoje numa espécie de penumbra para o resto da sociedade; a maioria das pessoas tem deles apenas a imagem veiculada nos meios de comunicação, de seres primitivos ou tipos folclóricos. O Brasil abriga mais de 220 etnias, falantes de mais de 180 línguas diferentes, totalizando aproximadamente 734 mil indivíduos (CENSO IBGE 2000). A maior parte desta população encontra-se distribuída em milhares de aldeias no interior de 614 Terras Indígenas, espalhadas por todo o território brasileiro e em núcleos urbanos próximos às aldeias.

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Manoel Lopes Parintintin (esquerda), mãe Pirahã amamentando (centro) e detalhe de brinco Parintintin (direita). Fotografias do acervo da FUNAI.

Historicamente estes indígenas se isolaram ou mantiveram parcerias com as populações mais próximas, algumas vezes estreitando relações, outras entrando em atrito ou mesmo se afastando. Para dar uma idéia da complexidade e da riqueza cultural que resultam dessa diversidade, através deste folder apresentamos um pouco da diversidade étnica existente entre os povos indígenas amazônicos que, ao contrário do que se imagina, vivem bem próximos a nós, pessoas diferentes, em lugares distintos, com formas próprias de reagir às variadas situações e condições de vida.

Povos indígenas da Amazônia

A Amazônia Brasileira é uma extensa área de 4,8 milhões de quilômetros quadrados, correspondente a 65% do território brasileiro. É povoada por treze milhões de brasileiros das mais diferentes origens, vivendo em ecossistemas diversos, com grandes demandas nas áreas de saúde, educação, trabalho, moradia e segurança alimentar. É uma região heterogênea em que a relação de pertencimento ao Brasil adquire os mais diversos contrastes. Um Brasil indígena, negro, caboclo,... plural.

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Indígenas Pirahã (esquerda) e meninas no Igarapé Traíra (direita). Fotografias do acervo da FUNAI/CR-MADEIRA.

Na Amazônia Brasileira existem 422 territórios indígenas, equivalente a 108 milhões de hectares. No entanto, mais de 100 de terras indígenas ainda estão sem nenhuma providência para regularização. Algumas dessas terras indígenas, mesmo tendo seu processo de regularização já concluído, enfrentam hoje ameaças à sua integridade.

As terras indígenas na Amazônia correspondem a:

  • 68% das áreas protegidas da Amazônia Brasileira
  • 22% do território amazônico brasileiro
  • 98,61% do total das terras indígenas no Brasil

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Lideranças Parintintin, Tenharin e Jiahui se preparando para festa (esquerda) e meninas Parintintin no Igarapé Traíra (direita). Fotografias do acervo da FUNAI.

A população indígena na Amazônia brasileira equivale a 440 mil pessoas (60% da população indígena brasileira). São cerca de 170 povos indígenas, falantes de 110 línguas indígenas diferentes. Esses povos começaram a ter contato com os não índios em diferentes épocas, desde que o colonizador europeu começou a explorar o território brasileiro. Além destes, existem cerca de 69 povos indígenas que vivem de forma autônoma na floresta, resistindo ao contato com a sociedade envolvente, especialmente nos Estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia. São os chamados isolados. A maior preocupação que se tem com relação a estes indígenas é assegurar a sua integridade nos territórios que ocupam, pois

alguns desses povos terminam sendo exterminados na floresta pelas ações de fazendeiros inescrupulosos, dos garimpeiros, madeireiros ou pelos alagamentos de grandes áreas para construção de hidroelétricas. A simples proximidade com os acampamentos dos trabalhadores pode contaminar esses indígenas com doenças que podem matá-los.

As relações que os povos indígenas estabeleceram com a sociedade ocidental tiveram muitos impactos sobre a sua vida. O principal deles foi a fixação em aldeias que tem como conseqüência imediata a escassez dos recursos necessários para a sobrevivência, principalmente os produtos da caça, da pesca e da coleta, além da formação de áreas de capoeira e do enfraquecimento dos solos, resultantes dos roçados rotativos que passam a ser feitos nas proximidades das aldeias. Apesar das necessidades surgidas após o contato com a tecnologia desenvolvida pela humanidade ao longo de 3 mil anos, os povos indígenas vivem basicamente da roça, da caça, da pesca e da coleta dos frutos silvestres.

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Reunião na Aldeia Estirão Grande (esquerda) e Barco Kagwahiwa no Rio Marmelos (direita). Fotografias do acervo da FUNAI/CR-MADEIRA.

Graças às lutas de lideranças indígenas históricas e do apoio de diversas instituições e pessoas, os povos indígenas têm leis que os amparam na luta pela garantia da terra demarcada. No entanto, muito ainda há que se fazer para construir a sustentabilidade dos povos indígenas nos seus territórios. Hoje os grandes desafios dos povos indígenas da Amazônia Brasileira ainda partem da estreita relação que mantêm com a terra e a natureza: a demarcação e a proteção de seus territórios, o estímulo às atividades econômicas sustentáveis e a segurança alimentar dentro dos seus modos próprios de vida que desenvolveram para viver na floresta. Nesse contexto a conservação da biodiversidade é a estratégia mais adequada aos povos indígenas, enquanto guardiões da floresta de maior importância para o equilíbrio do planeta, principalmente para minimização dos impactos das mudanças climáticas, para a conservação da água doce e para a preservação de muitas espécies vegetais e animais.

Os indígenas na região de Humaitá

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Parintintin lançando fleca (esquerda) e mãe Pirahã com seu bebê (direita). Fotografias de Rodrigo Petrella, 2003.

A CR-MADEIRA abrange um bloco de 9 terras indígenas – Ipixuna, Nove de janeiro, Pirahã, Diahúi, Tenharin do Marmelos, Tenharin do Marmelos (Gleba B), Sepoti (Gleba Rio Sepoti), Sepoti (Gleba Estirão Grande) e Torá –, 2 terras indígenas afastadas deste bloco (Tenharin do Igarapé Preto e Juma), e mais 3 terras em estudo, sendo reivindicadas pelos indígenas Miranha na Aldeia Nova Morada e Mura na Aldeia Itaparanã, na BR 230 – Rodovia Transamazônica –, pelos Apurinã nas aldeias Tucumã e Cujubim, na BR 319 e por várias etnias no Rio Marmelos nas aldeias Baixo Grande, São José, Pau Queimado e São Raimundo.

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Menino Parintintin pescando no igapó do Rio Ipixuna (esquerda) e canoa alagada (direita) na Aldeia Canavial. Fotografias de Rodrigo Petrella.

Sem contar as terras em estudo, são mais de 2,5 milhões de hectares de superfície de terras indígenas. Nestas terras moram mais de 2.300 indígenas, dos povos Parintintin, Tenharin, Jiahui, Pirahã, Torá, Mura, Apurinã, Mundurukú, Matanawi e Miranha. Ainda há a suspeita da presença de indígenas isolados em algumas áreas.

Texto de Linete Ruiz Ferreira

Assistente Técnica da FUNAI/CR-MADEIRA

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